No presente estudo, buscamos definir o sofrimento a partir da perspectiva freudiana e circunscrever os seus destinos, quando manifestado no trabalho. Foram realizadas entrevistas abertas com trabalhadores, gestores e profissionais da saúde de uma empresa pública de grande porte, do setor de serviços, em processo de reestruturação, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, bem como com familiares dos trabalhadores. Para a análise dos relatos, recorremos ao método hermenêutico-dialético. Constatamos a existência, na gestão do trabalho, de um processo de transformação do sofrimento em adoecimento. A somatização, psiquiatrização, medicalização, licença médica, internação hospitalar e a aposentadoria por invalidez figuraram como alguns dos destinos do sofrimento nesse processo. Partindo do pressuposto de que o sofrimento é uma reação do sujeito diante da diversidade da vida, transformá-lo em adoecimento parece constituir, portanto, uma estratégia de quebra da resistência na gestão do trabalho.
This study tries to define suffering, drawing on Freud’s perspectives, and to circumscribe its destines after its manifestation in work. Open interviews were made with workers, managers, health professionals, and also with their families, all of them from a big public company in the services sector, which is in restructuration process, in the metropolitan area of Belo Horizonte. To underpin the data analysis the Hermeneutic-Dialectical Method were used. As a result this study shows the existence of a transformation process of suffering into illness in working management. The somatization, psychiatrization, medicalization, medical license, hospital internment, and the invalidity retirement constitute some of the suffering destines. Considering that suffering involves an interlocution with the other, we conclude that this transformation is a political process of braking resistance.